terça-feira, 5 de novembro de 2013

CAPÍTULO 19 - TE VER

“Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível...”

Nicholas pai de uma adolescente.
As pessoas que não conheciam bem o amigo de Joseph poderiam acreditar que isso era provável, mas os amigos mais íntimos do empresário sabiam que segurança era seu vício. E esse vício perpassava todas as áreas de sua vida.
O choque causado pela revelação de que alguém conseguira comprometer o homem a tal ponto, desfocou a atenção dos problemas de Joseph. Isso deu tempo ao rapaz de se preparar para o que viria. A Demetria que conhecera dentro daquela cabana era diferente da Demetria criada por sua imaginação. Fogosa, como a mulher de suas fantasias. No mais era exatamente o oposto. Ao invés da tarada doce e submissa, sempre disposta a romper com seu controle, havia uma mulher prepotente, impaciente e muito arrogante. Era louco como ele estava ainda mais apaixonado por ela, mesmo reconhecendo todos esses seus defeitos.
Sexo. Tudo começou daquele jeito. Joseph esperava usar as mesmas armas para ter Demetria de volta. Esperava que a mulher sentisse algo por ele. Por menor que fosse, por mais físico que fosse. Trabalharia com qualquer mínima possibilidade. Apegou-se apenas a isso. Iria entrar em sua pele de um jeito que não ia restar homem nenhum na face da terra para ela, a não ser ele. Nem mesmo seu pai. Romperia com ele se fosse preciso, mas não abriria mão de Demetria. Carlos já tinha a Raquel e teria que se contentar com ela. Era imatura aquela postura, mas ele não se importava com mais nada.
Mas antes de tudo era importante que ela lhe falasse a verdade. Em mais de uma situação estivera ciente dos boatos. Claro, tinha flagrado os dois juntos em situações suspeitas. E seu pai sempre trazia o batom da moça em seu colarinho. Não entendia como a Raquel não percebia. Também não aceitaria que Demetria fugisse da conversa. A verdade não poderia ser ocultada. Só assim poderiam ter alguma chance. Mas Demetria ficara ofendida com suas acusações. Se houvesse a menor chance que tudo não passasse de um engano...
Não queria nem pensar. Se estivesse enganado isso faria dele o cara mais estúpido do planeta. Desejava tanto estar enganado... Por que se tivesse poderia amar Demetria sem culpa. Também precisaria lutar como um condenado para fazê-la o perdoar.
Um barulho da porta do quarto se abrindo lhe chamou atenção. Demetria voltara. Trazia um pacote da lanchonete.
— Demetria, ai...
Tentou se levantar, mas a cabeça doeu.
— O que foi? — ela correu a seu encontro.
— Fiquei tonto...
— Não faça movimentos bruscos. Você está 24 horas em observação. Bateu a Cabeça com muita força.
Demetria obrigou Joseph a deitar-se de novo e o cobriu. Depois se acomodou perto da cama.
— O Nicholas foi muito duro com você? — perguntou o rapaz.
— Na verdade não... Ele gritou ameaças de mandar me prender por sequestro entre outras coisas, mas eu o mandei ir para o inferno e me ajudar a te levar para o hospital. Desde que chegamos aqui ele não tocou mais no assunto. Acho que não quis falar nada na frente da Raquel...
— Você não precisa se preocupar com nada, eu não vou deixar ninguém...
A porta do quarto voltou a abrir, era a Raquel.
— Seu pai já está a caminho. Beth também.
Joseph fez uma careta de desagrado.
— Liga para ela e diz que eu estou bem.
— Você conhece sua irmã...
Beth chegando... Pai eterno!
— Demi, você já pode ir pra casa agora. Eu fico com o Joseph.
Uma simpática Raquel ofertou.
— Não!
As duas mulheres olharam para ele. Demi fechou a cara. Raquel disfarçou o riso com uma tosse. O Bolivatto... Bem o Bolivatto ficou muito envergonhado.
— Eu volto amanhã. — pegou a bolsa, entregou o lanche a Raquel. — Isso é para a filha do Nicholas...
— Filha de quem?!
— Joseph te explica tudo.
Beijou-lhe a face em despedida e se aproximou do paciente.
— Amanhã eu ligo para saber como você está.
— Não vai...
— É preciso, Joseph. Se cuide. — falou seca. E saiu.
Com um sorriso reconfortante Raquel se aproximou:
— Seja qual for a bobagem que você fez, ela vai lhe perdoar.
— Eu sei, mas vai me dá um trabalho danado.
— Aí, que você se engana, ela faz muito barulho sempre por tudo, mas no fim se rende. Você vai ver.
Infelizmente ele não tinha a mesma boa fé.
Nicholas e a filha apareceram algum tempo depois. Eles estavam surpreendentemente entrosados, apesar do seu jeito meio assustado, olhava para o pai com verdadeira adoração. Ela comeu seu lanche. E foi com Raquel tomar banho e trocar de roupas, apesar de visivelmente resistente com tudo.
— Pode ir, pequena. Eu estarei por perto.
A promessa pareceu acalmá-la, e finalmente a garota se foi.
— Quando eu vou saber da história toda? — Perguntou Nicholas quando ficaram a sós.
— Qualquer dia desses. E quando eu vou saber da sua?
— Qualquer dia desses.
Confidências não era exatamente o ponto forte daquela amizade.
— Conte como me achou.
Era a pergunta que não saia da cabeça de Joseph.
— As câmeras do estacionamento pegaram você caindo e sendo amparado por Demi com a ajuda de um sujeito. Eles te colocaram no carro. O cara ainda não conseguimos identificar, mas meu pessoal está trabalhando nisso. Quando você não apareceu na segunda, ligaram para mim. Aí eu comecei a investigar. Foi difícil lhe achar. Fiquei muito preocupado... Sei que ela tomava remédio de tarja preta. Tive que investigar a vida dela novamente. E quando ela ligou para seu pai... Foi só localizar o celular de origem. Levou uns dias...
— Ela ligou para o papai?!
— Sim.
Aquilo lhe causou um frio no estômago. Seu pai sabia do sequestro? Como? Mais perguntas. Tudo o que não precisava... Deus, e se... não queria nem pensar!
— Você ameaçou Demetria? — inquiriu ao amigo, mas sabendo que se as desconfianças que ele não se permitia ter se confirmasse, qualquer ofensa do amigo seria café pequeno...
— Eu comecei... Mas você estava nu. Ela também estava nua. Ambos cheiravam a sexo. Sem falar que ela estava com uma expressão de mulher muito bem comida... Acho que atrapalhei não é?
O amigo olhou para ele com um sorriso debochado.
— Você acha?!
— Você não vai dormir no hospital hoje não é?
— Sem chance...
No rosto do amigo de Joseph surgiu aquela expressão meio malandra que o sujeito adotava quando estava a ponto de burlar a lei, apenas por diversão.
— Não se exponha. Você sabe que algumas pessoas desconfiam de nossas... Brincadeiras. Uma fuga espetacular do hospital levantaria suspeita.
— Vou sair pela porta da frente.
O amigo sorriu como se dissesse: “que falta de criatividade”. O que era paradoxal após o pedido.
Mas então ele ficou sério. A expressão séria era algo tão incomum em Nicholas que quando isso acontecia, todos reagiam a sua volta. Mesmo Joseph não era imune a isso.
— É ela não é? A mulher que fazia você comer as outras que nem um desesperado?
Não havia motivo para mentir.
— É.
O sorriso debochado, marca outra registrada de Nicholas, se abriu.
— Pergunte.
— O quê?
— Você não consegue não é? Acho engraçado isso. Você me conta sobre tudo, mas não consegue falar dela. Nunca falou.
— Não havia do que falar.
O sorriso sumiu do rosto do amigo. Foi substituído com uma expressão compenetrada, mais uma atípica naquele sujeito.
— Faz pouco tempo que eu percebi — ele começou — eu sabia que uma mulher tinha acabado com você. Que você tinha um lance mal resolvido, mas eu acreditava que era algo com Heidi.
— Eu sempre lhe disse que terminamos bem.
— Eu sei, mas pensava que era uma questão de orgulho... Estava tão na cara...
Joseph, desconfortável com a situação, deixou que o amigo desabafasse suas inquietações. Era típico dele querer entender tudo a sua volta.
— Eu só percebi quando passei a observar melhor vocês dois juntos num mesmo ambiente. Havia tensão sexual no ar.
Não entendia por que você não fazia nada. Pensei em Blanda, mas quando você veio morar aqui ainda estava solteiro. Foi no dia da morte do pai dela que eu soube: você achava que ela tinha um caso com Carlos.
— Nicholas...
Joseph se mexeu sobre a cama. Não precisava de julgamentos. Não tocara no assunto com o amigo por dois motivos: no começo por que sabia que ele iria debochar de sua paixão. Depois, por que, mesmo sendo um conhecido mulherengo, havia limites que Nicholas não admitia. Se envolver com a mulher de um amigo, ou de um parente era um deles. E Nicholas amava a Carlos como a um pai. Jamais aceitaria isso.
— Pergunte.
— Não nos julgue.
Raiva e outra coisa nublou os olhos do melhor amigo de Joseph.
— Lamento Joseph, faz tempo que lhe julgo um idiota.
As palavras do amigo foram mais suaves do que ele esperava. Não havia desprezo, mas um raivoso e sutil deboche.
— Você não entende Nicholas, eu amo essa mulher.
— Mas acredita que seu pai come ela...
Na boca do amigo de Joseph, a situação soava ainda mais suja.
— Eu sei... É uma situação difícil. Mas eu vou embora. A Raquel não precisa saber de nada.
— Cara, como você pode ser tão imbecil?!
— Eu sei que você acha Carlos a melhor pessoa do mundo, mas ele não é...
— Não. Nisso você se engana. Conheço bem os defeitos de seu pai. Convivi mais com ele nos últimos anos que com você, eu escolhi viver com ele.
Joseph entendeu de que lado o amigo ficaria.
— Eu lamento por perder sua amizade, mas não vou abrir mão dela. Só se ela não me quiser, mas mesmo assim eu ainda vou tentar convencê-la do contrário.
A paciência de Nicholas finalmente se esgotou e aos gritos:
— Cara como você é estupido. Pergunte. Que inferno! Nos últimos meses eu tenho esperado você perguntar. Você sabe que eu sei, basta perguntar.
— Eu não preciso. Eu sei.
— Precisa sim. Você tem medo de saber por mim, por que tem medo da resposta. Sabe que não vou deixar furos. Que investiguei até o fim e que se for o caso tenho fotos para provar.
Uma dor absurda calou Joseph. Ele já sabia, não precisava ver. Se visse seria real, mais real do que ele poderia suportar. O que importava era o que aconteceria no futuro.
— Isso é muita estupidez. Joseph, como ela consegue isso? Me diz como? Você é inteligente, sagaz, mas com ela... Você não reage, não pensa...
— Se você vai falar mal da minha mulher, saia daqui agora. Nada do que você possa dizer vai mudar meus sentimentos.
— Não.
A palavra ficou entre eles. Incompreensível. Poderia ser uma replica de Nicholas pela atitude do amigo, ser algo mais. Mas o amigo não quis deixar dúvidas e completou.
— Ela não é amante de seu pai... Nunca foi. Porra, cara, era só me perguntar. Eu investiguei só para saber se eram verdadeiros os boatos. Nada. Só amizade. Uma grande, forte e bonita amizade.
O silêncio caiu entre eles...
— Não é possível.
— É sim, seu estupido.
Pode alguém de sentir feliz por ser insultado? Uma gama de emoções se concentrou em seu estômago. Não conseguia saber se era tristeza, alegria, impotência, ou medo. Talvez uma mistura de tudo isso. Não fazia sentido ter podado sua felicidade por todo aquele tempo em nome de um equívoco. Precisava ficar sozinho para colocar as emoções em ordem. Resolveu partir para o ataque.
— Quando você vai parar com essas coisas? Cara, isso de você ficar investigando todo mundo é um absurdo.
— Eu sou pago para proteger a família. Faz parte do meu trabalho.
— Não, não faz. Demetria é de confiança. Isso tem mais a ver com sua obsessiva necessidade de controle. Você precisa saber de tudo, ver tudo.
— Saber o que acontece a nossa volta é um meio de controlar danos.
— Ainda assim, isso não lhe impediu de ganhar uma filha de quatorze anos.
Mal acabou de falar e Joseph se arrependeu.
— Para você ver como são as coisas...
Dor. Poucas vezes na vida Joseph presenciou isso nos olhos amigo.
— Quem é a mãe da Emmily?
— Rosana, a do colégio.
— Mas eu nem imaginava...
— Aparentemente eu servia para comê-la no capô de seu carro, mas não para exibir como namorado.
Agora o descaso com que seu amigo tratava as dondocas que viviam a sua volta fazia todo o sentido para Joseph.
— Onde ela está agora?
— Na UTI. Mas está estável. Retiram algumas balas de seu corpo.
— Como isso aconteceu?
— Essa é uma boa pergunta. Estou em busca da resposta.
— Acha que a menina é sua?
— Eu sei que é! Ela tem meus olhos.
— E agora?
— Bem, acho que os próximos meses serão muito interessantes...

Demetria estava diante da janela olhando a rua. Tinha uma expressão triste. Enrolada num lençol parecia frágil, tal qual uma criança.
— Demi...
Ela se assustou. E virou para ele.
— O que você faz aqui? — Num golpe de vista, o examinou por inteiro — Você precisa dormir no hospital, está em observação!
— Como eu posso dormir num lugar onde não está?
— Joseph...
A mulher não camuflou o um suspiro exasperado.
— Como você entrou aqui?
— Cadeados e fechaduras não me impedem de nada, você sabe disso... Eu precisava ver e falar com você.
— Mas eu não quero falar com você, Joseph...
Havia tanta mágoa na voz da mulher que Joseph quase recuou...
— Não faz isso Demetria...
— Não faz isso você...
Seu tom foi de rendição. Ele que não era bobo, foi ao seu encontro.
— Eu poderia viver sem você antes. Mas agora não posso mais. Eu sei que estraguei tudo com minhas deduções equivocadas, perdi um tempo precioso, mas se você me der uma chance, eu prometo me redimir.
— O que te fez mudar de ideia?
Poderia mentir, mas não fez isso.
— Nicholas.
Raiva.
— Aquele infeliz andou me investigando?
Preferiu não responder.
— Vá embora, por favor!
— Demetria...
— Demetria coisa nenhuma. Como você pôde pensar isso? Se eu fosse mesmo amante de seu pai... Isso seria nojento! Como você conseguiu transar comigo achando...
Resignado, Joseph buscou olhar bem dentro dos olhos de Demetria. Ao menos ela não correu atrás de uma arma para colocá-lo para fora.
— Eu... Só aproveitei a única chance que você me deu. Esperei muito tempo.
O olhar da mulher era o de uma pessoa absolutamente perdida.
— Como você faz isso? Como consegue transformar algo tão sujo em algo... Fofo?!
— Eu te amo. É simples.
Nos olhos da mulher a rendição:
— Joseph, eu...
— O que Demi?
— Eu estou apavorada. Posso não ser o que você idealiza.
— E não é. Você é muito mais...
Buscou seus lábios antes que ela o rejeitasse outra vez. Sentiu sua resistência em se entregar. Beijou suavemente. Percorrendo as formas femininas com as mãos. Soltou o lençol que a envolvia e ofegou ao descobri-la nua. Tomando-a nos braços a carregou para o sofá mais próximo. Sem tirar os olhos dela se despiu.
— Eu ainda não perdoei você...
— Eu sei, vamos trabalhar nisso...

O nervosismo de Demetria à medida que se aproximavam do prédio que sediava as empresas da família só aumentava. Estavam no carro dele. Ela encolheu-se quando passaram pela guarita de segurança do estacionamento.
— O que foi?
— Nada.
— Demetria...
— Nada, já disse.
Ele terminou de estacionar o carro e virou para ela.
— Você está com vergonha de mim?
— Não! — ela respondeu de pronto — Só que...
— Quê...?
— Eles sabem do sequestro?
“Eles” Joseph entendeu que era o pessoal do escritório.
— Que eu saiba não. E mesmo que saibam, e daí? Você é minha noiva e ninguém tem nada a ver com isso.
Entraram no elevador de mãos dadas. Quando saíram, o andar inteiro pareceu silenciar. Pelo menos uma coisa ficou clara para Demetria: a cara de surpresa geral era uma prova que ninguém sabia de nada. Ela tentou soltar a mão, mas Joseph não permitiu. A puxou para um beijo escandaloso.
Quando a soltou ela quase caiu tonta.
A fofoca do dia foi o caso Demetria e Joseph. Mesmo porque tão logo pôde, o Bolivatto foi conversar com o pai sobre a troca de secretária. Lovato era sua e não havia discussão.
— Filho, eu te amo, mas sem chance de você levar minha secretária.
— É uma troca temporária, até eu conseguir arrumar as coisas no meu departamento.
— Para de lengalenga, não vou cair nessa...
— Mas pai...
— Nem pense. Eu já colaborei muito permitindo que você aterrorizasse a sua secretaria só para assediar a minha. Coisa que nunca aconteceu — o homem assumiu um tom de sarcástica decepção — Eu não sei a quem você puxou, mas não foi a mim. A Raquel vivia me ameaçando de processo quando trabalhava comigo...

Beth não quis se sentar a mesa da cozinha na casa da amiga, ela batia o pé no chão e apontava seu barrigão de seis meses de gravidez acusatoriamente na direção de Demi. A moça estava encolhida contra a pia.
Jackson e Joseph-Covarde-Bolivatto tinham saído para fazer alguma coisa na rua, os porcos.
— Eu sei como sua cabeça funciona dona Demetria, nem tente me enrolar. Vai logo abrindo o bico. Porra, você pediu ajuda a meu marido e não a mim. Pediu ajuda a meu pai. Caramba e não confiou em mim.
— Não foi assim, Beth.
— E como foi?
— Bem, em primeiro lugar eu não resolvi sequestrar seu irmão.
— Não?!
— Não. Eu fui… convencida.
A grávida entendeu:
— Papai... Aquele velho infeliz me passou a perna. Ah, eu acabo com ele — ela arrastou uma cadeira e se sentou cruzando os braços sobre o peito — quero saber tudo.
Desembucha...

***

Os meses seguintes trouxeram várias surpresas agradáveis, entre elas que Beth ia se mudar de volta para a cidade. E apenas uma desagradável: Blanda, aparentemente grávida e arrependida reaparecera.
Demetria, obviamente, surtou e desapareceu.
Quando o celular do rapaz tocou, ele estava desesperado, mas as noticias ruins não paravam de chegar. Era Carlos.
Aquele foi um dia de cão.
— Rosana, a mãe da Emmily foi sequestrada, o Marcelo está desesperado e a garota, coitada não para de chorar... Pega a Demetria e vem dá uma força ao seu amigo.
— Demetria... Ela sumiu.
— O que aconteceu?
— Blanda apareceu dizendo que está grávida de um filho meu.
— E isso é verdade?
— A chance é pouca. Você imagina onde Demi pode estar?
— Tem um parquinho ai perto quando ela precisa pensar vai lá. Resolve isso logo. Seu amigo está desabando.
— Diz a ele que eu estou chegando.

A noite estava fria, mas não se importou. Normalmente andavam ali nos domingos. Pequena área verde no meio da cidade. Levou menos de cinco minutos para chegar lá. Ela estava sentada num banco da pracinha. Os cabelos despenteados, de roupão. E pantufas. Linda.
Triste.
— Oi. — disse sentando ao seu lado. Estava ofegante.
— Oi.
Ela não estava furiosa Isso era bom sinal?
— Então a Blanda está grávida...
— É.
— Ele é seu?
— A possibilidade é bem pequena, sempre usei camisinha, mas existe.
— E se for seu o que muda entre nós?
Escolheu o caminho da sinceridade. Bom.
— Bem, eu poderia dizer que não muda nada, mas é mentira. Eu vou gostar muito do guri, porque gosto de crianças. A Blanda vai usar ele para infernizar nossas vidas. E eu vou ficar o tempo inteiro morrendo de medo que você se canse de tudo e me mande embora.
— Tem um bebê a caminho, Joseph. Que precisa do pai e da mãe. Eu não posso...
Já esperava por isso. Ensaiara vários discursos para encarar este momento, mas não disse o que havia planejado.
— Eu me acostumei a perder, Demetria. Todas as coisas que amo. Minha mãe nem mesmo conheci. Meu pai me deixou aos sete anos. Tinha minha avó, mas ela tinha seus problemas... Sabe que ela era depressiva? Usava remédios como você...
Um brilho de compreensão surgiu no olhar da moça.
— Ela passou anos lutando para ficar comigo, mas quando eu tinha 21 anos ela desistiu. Sabe como ela morreu?
— Infarto?
— Overdose. Papai pensa que foi acidental, mas eu encontrei o corpo... E a carta. Seu desejo era que papai nunca soubesse. Ela sabia que eu cumpriria seu desejo.
— Joseph...
— Eu sempre soube que quando fosse feliz, algo aconteceria. Na verdade, ainda tenho medo disso, mas estou disposto a lutar. Esse bebê precisa do pai e da mãe felizes. Não quero que meu filho nasça com o peso de ter me separado da mulher que eu amo. Da única mulher que amei. Eu vou dar todo o meu amor, vou ser presente, mas eu não vou abrir mão de você, Demetria. Eu sempre abri mão de você: por minha avó, por meu pai e eu os odiei por algum tempo de minha vida. De um jeito que eu não posso odiar a um filho.
Um silêncio momentâneo caiu entre eles.
— Vai ser difícil.
— Eu sei. Mas não pense que vai escapar de mim tão fácil, eu já sofri muito para ter você.
— Mas...
— Sem mas, essa decisão eu tiro de suas mãos. Eu não vou embora nem vou deixar você ir. E está decidido. Além do mais, acho que a Blanda só quer dinheiro.
— Dinheiro?
— Depois do que fez os pais dela fecharam as portas.
Ela inspirou profundamente e perguntou:
— Então você não vai me deixar?
— Demetria, eu jamais poderia te deixar, está além de minhas forças.
A mulher pulou em seu colo. E lhe brindou com um beijo que afastou para longe todos os medos. Percebeu suas mãos escorregando para o botão de sua calça.
— Demi estamos no meio da rua. — protestou fracamente.
— Quem se importa? Eu quero, eu preciso de você agora...

Quando chegamos à casa do Nicholas, ele estava xingando alguém pelo telefone. A filha estava abraçada a ele. Quando desligou apertou a menina forte. Era louco ver como o amigo havia mudado naqueles poucos meses. A paternidade o transformara.
— Eu vou trazer sua mãe ok, agora vai comer alguma coisa com sua tia Demi.
— Mas eu não estou com fome.
— Eu sei meu amor, mas alguém precisa comer a gororoba que sua tia Beth está fazendo. Eu estarei ocupado procurando sua mãe, então sobrou pra você fazer o sacrifício. Eu sei... — Deu umas tapinhas nas costas da filha — A vida de uma adolescente é um tormento. Sorry!
Apesar de estar vivendo uma fase de sonhos em sua vida, Joseph sabia que o retorno da namorada da adolescência do amigo, com uma filha crescida, não foi algo tranquilo. Lembrava-se de Rosan da época do colégio, altiva, poderosa. O oposto de Nicholas. Os dois formavam um casal muito peculiar. Embora se tratassem com cortesia, havia sempre uma tensão entre eles. Joseph ficou surpreso quando o amigo anunciou o casamento e o realizou em poucos dias. Nicholas casado era algo que atentava contra as leis da natureza, mas Rosana sempre foi uma incógnita.
— Como isso aconteceu?
Sequestrar a mulher do dono da melhor empresa de segurança do país era um feito notável.
— Uma história longa. O pior é que quem a pegou a quer morta. Se eu não achar minha mulher antes dela chegar ao destino, ela vai morrer — o desespero na voz do sujeito era comovente, principalmente por que Nicholas nunca vira o amigo naquele estado.
— Você vai conseguir.
Mas o amigo pareceu não escutá-lo.
— O pior é que eu queria ter dito tanta coisa para ela. Eu fui tão estúpido, deixei que o ressentimento comandasse meus atos, que a vingança me cegasse... Rosana sempre foi a minha dose de loucura. Não consigo ser objetivo com ela...
— Mas vocês se amam, prova disso é que voltaram...
— Me casei por vingança. Deixei que o adolescente que foi chutado falasse mais alto e fiz a vida dela um inferno de desconfianças, ciúmes... Ela escapou dos seguranças depois da nossa pior briga.
Joseph não sabia o que dizer. Decidiu só ouvir e apoiar o amigo no que fosse preciso. Nicholas parecia tê-lo esquecido, presos em pensamentos e lembranças.
— Blanda reapareceu — não foi uma pergunta, mas Joseph não ficou surpreso, Nicholas sempre sabia de tudo.
— Diz que está grávida, mas eu não sei...
— Ela está, mas o filho não é seu, segundo o exame ela está na sexta semana de gravidez... Você disse que não queria ir atrás dela, mas não achou que eu ia deixar uma pessoa de tentou dar um golpe numa firma que tomo conta escapar assim, não é?
— Tinha alguma esperança — confessou Joseph.
A sombra de um sorriso marcou o rosto cansado de Nicholas.
— Se acontecer algo comigo e com a Rosana, Beth e Jackson tomam conta da Emmily, mas quero você por perto...
— Não vai...
— Só prometa.
— Eu prometo.
— Obrigado.
Naquela noite Emmily dormiu na casa de Demetria entre eles. Estavam deitados quando observando a menina quando Joseph propôs:
— Casa comigo?
— Você sabe que sim.
— Deixa só resolver esse problema com a Rosana e a gente casa.
— Feito.
— Eu te amo.

— Eu também te amo.

~*~

To mais pra zumbi agora... to quase dormindo sentada haha
Alguém tem algum tutorial de como ter uma noite bem dormida em períodos de provas na escola no ultimo ano do ensino médio em mês de vestibulares? -_-

Obrigada pelos comentários <333
Posto o capítulo 20 quarta-feira (amanhã) ou quinta, beijos. 

~*~

Respondendo a thau ane: Não era pra você ter lido o final u_u hahaha acabou com a surpresa! kkkkkk Muuuito obrigada *-* Eu li sim, e os capítulos extras que eu postei durante a adaptação de Belo Desastre foi de Desastre Iminente ^^

7 comentários:

  1. ameeeei .. que fofo JEMI juntos ».«

    pooosta logoo

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  2. eu jurp que me segurei para não ler mas estava tendo um surto xjxjdd mesmo assim com Joe e Demi é bem melhor, eu acho que irei comprar os livros pois estou apaixonada e estavam falando de um terceiro que será lançado possivelmente :s
    bjos Posta logo

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  3. Ameeeeiiiii, ta lindo demais, posta mais

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  4. Tem tag nova pra você no meu blog: http://inspiration-tatis.blogspot.com.br/2013/11/tag-nova.html
    Ah, e aproveitando que to aqui... agora consegui regularizar tudo, vou poder voltar a comentar. Então me aguarde a partir do próximo cap *-* bjos

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  5. Oii! Primeiramente, aviso que essa postagem é automática. O blog tinha sido bloqueado, e eu informei na página no face que avisaria cada um que eu pudesse ter contato, seja face, blog ou e-mail, que antes lia, que O BLOG VOLTOU! Então me desculpe ter ficado tanto tempo sem postar e espero que volte a me visitar. Obrigada pela atenção, beijos ;*
    inspiration-tatis.blogspot.com

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