domingo, 6 de outubro de 2013

CAPÍTULO 5 - QUANDO O SOL BATER NA JANELA DO SEU QUARTO

“... Quem roubou nossa coragem?
Tudo é dor e toda dor vem do desejo,
De não sentimos dor...”

No primeiro momento Joseph pensou não ter entendido.
— Você... Disse o quê?
— Sexo. Você e eu nessa casa por 30 dias. Trepando horrores todos os dias. Só isso.
Por incrível que pareça naquele momento a coisa que ele se atentou foi:
“Ela está usando palavreado vulgar. A secretária certinha de seu pai, xingava!!”
Não conseguia imaginar a moça usando palavrões, ou aquele tipo de palavreado, a mulher era sempre tão perfeitinha. Era tão absurdo, que a sensação de estar vivendo um sonho muito louco voltou com força total. Depois se dando conta da situação, atentou-se a proposta. Como poderia se chocar com a boca suja de uma mulher depois de uma proposta daquelas?
De todas as coisas mais insanas que ele ainda esperava vivenciar, ser sequestrado para fins sexuais não era uma delas, ao menos não por Demetria. Não. Isso era uma vingança contra seu pai... Na melhor das hipóteses.
“Mas calma aí, aquela mesma boca estivera devorando ele deliciosamente momentos antes.”
Ela não ia ter coragem de fazer todas aquelas coisas que lhe fez por vingança.
— Quer que eu repita?
Joseph quase disse que sim, mas então percebeu que ela falava da proposta.
Ótimo. Loucura era contagioso.
— Demetria. — falou, mas sem alterar o tom de voz — Eu não vou colaborar com suas sandices.
Não conseguiu enganar a nenhum dos dois:
— Sei. — a moça olhou com as sobrancelhas erguidas, numa expressão cômica e maliciosa para uma parte da anatomia do rapaz que estava estragando sua tentativa de parecer indiferente e desinteressado, mostrando exatamente o que achava da proposta.
— Ele não decide nada... — Tratou de informar emburrado.
— Com você algemado? — ela soltou uma gargalhada.
Uma que o deixou ainda mais excitado. Ele nem conseguia determinar se aquilo era um pesadelo ou um sonho molhado.
— “Ele” decide tudo. — completou — Eu só preciso da colaboração “dele” para levar meus planos adiante — O sorriso de satisfação da moça estava criando em sua mente as mais diversas possibilidades. Ela era definitivamente louca, e ele também. Queria muito ceder à proposta. Sexo. Com uma mulher sensual. Por trinta dias. Simples. Fisiológico. Como a reação do seu corpo. Era só simplificar as coisas assim.
— Você não pode me obrigar...
— Não preciso... Não preciso obrigar você a nada. Eu nem sabia que seria tão fácil... Tinha uns planos bem doidos na cabeça... Mas agora, você é meu e só meu! Meu, meu, meu...
A mulher começou a fazer uma dancinha da vitória, meio trôpega. Ainda estava sob efeito do álcool. Joseph quase esquecera de seu estado de embriaguez.
Ele entendeu que precisava dar um jeito de escapar, começou a se contorcer e forçar as algemas. Ignorou as fisgadas de dor em seus pulsos. Lutou por instantes diante da figura impassível da mulher, que tinha interrompido a dança e o olhava. Não dava para soltar. Até mesmo a cabeceira da cama era de madeira maciça. Ela havia pensado em tudo.
Algum tempo depois ele parou. Com a respiração ofegante.
Os pulsos esfolados. Inútil. Estava mesmo a mercê de uma doida.
— O que você vai fazer? — perguntou aborrecido.
— Te deixar preso até você virar um empolgado colaborador...
— E se eu não colaborar?
— Você vai. “Joe Jr.” já é um feliz colaborador.
E numa atitude infantil, a mulher lhe mostrou a língua. Depois disso ele precisou fechar os olhos. Você sabe que é um homem condenado quando sua sequestradora coloca apelido em seu pênis e ele responde com entusiasmo a isso.
Frieza. Precisava de todo o controle agora. Era um homem adulto que sabia lidar com as situações mais improváveis...
Qual foi a vez em que conseguiu algo que queria? Nenhuma que pudesse lembrar. A vida gostava de brincar com ele.
Contou de 1 até 10... 20... 30.
A despeito de toda a sua boa vontade, abriu os olhos e logo se viu possuído por uma raiva insana...
Gritou, xingou, se contorceu no leito.
Demetria simplesmente foi embora e o deixou ali. Os pulsos esfolados, nem mesmo teve a decência de cobrir seu corpo nu. Joseph não sabia de quem tinha mais raiva, dele mesmo, ou dela. Depois de algum tempo, percebeu que era inútil sua atitude. Tentou um exercício que aprendera na faculdade para voltar a serenidade.
Demetria não tardou a retornar.
— Ah, que ótimo! Você está mais calmo, perfeito. E então, pensou em minha proposta?
— Eu topo.
Ela riu.
— Eu não sou idiota, Joseph, vai precisar de mais que isso para ganhar minha confiança, mas você pode tentar...
— O quê?! Eu topei. — reclamou impaciente.
— Sei. Agora eu te solto e você me estrangula. Não pretendo morrer sem gozar desses trinta dias plenamente.
Paciência. Só um pouco de paciência.
— Que tipo de mulher sequestra um homem para ter sexo?
A pergunta mexeu com ela visivelmente, sua expressão envergonhada o fez sentir compaixão de sua sequestradora, mas ela logo se recuperou.
— Uma mulher que aprendeu uma verdade muito simples: os homens só servem para uma coisa. A gente até tenta pensar que eles têm função multiuso, mas por fim, é só isso.
Amargura. Tanta amargura em sua voz que Joseph entendeu que estava diante de uma mulher que foi muito machucada.
— Por que eu?
— Não sei, acho que era o que estava à mão... Sozinho, abandonado... Todo mundo vai pensar que você pegou a estrada. Percebe que ninguém vai te procurar? Está vendo o que dá manter a família completamente fora de sua vida? Bem, vamos brincar um pouco? Estou cheia de ideias...
A sequestradora fazia questão de a todo instante demonstrar o seu poder. Joseph foi torturado por horas a fio. A mais doce e sensual tortura. Ela o provocava até que perdesse por completo a razão. Deixava-o no limite do prazer, para depois recuar. Suas queixas, seus gritos, suas ameaças. Nada a comovia.
Como nunca percebera que estava diante de uma pessoa mentalmente instável?
Estava diante de uma estranha que conhecia há dezoito anos. A cada intervalo entre as torturas, Joseph ficava revivendo as histórias que ouvira sobre psicopatas simpáticos que ajudava idosos a atravessar a rua, carregar o lixo e as compras, enquanto eram os mais cruéis assassinos que escondia cadáveres no freezer de casa.
— Mais calmo?
Não percebeu que havia retornado até vê-la ao seu lado. Decidido a dessa vez não cair na provocação, ele se calou.
— Ótimo. Quero brincar mais um pouco. Vai ser um bom moço e me deixar te beijar?
A resposta do refém foi um olhar furioso. Era difícil não perder a calma com aquela criatura.
— É... Melhor eu passar longe desses dentes. — Sentenciou, fazendo uma careta engraçada.
O comentário quase o fez rir. Como podia está vendo humor naquilo?
— O que você vai fazer agora? — perguntou numa tentativa de manter a pose de seriedade.
A mulher subiu na cama e abaixou-se sobre sua pobre vítima, sentando na virilha do sujeito, deixando bem óbvias as suas intenções, ainda assim foi a resposta mexeu intimamente com ele:
— Abusar um pouco de você...
A guerra de vontades recomeçou. A secretária de Carlos não mediu esforços ou palavras para subjugá-lo. Suas mãos e boca pareciam encontrar exatamente seus pontos mais sensíveis. E como era de se esperar, ele sucumbiu. Gritou, implorou, gemeu rendido, seu esforço para se soltar estava destruindo a pele de seu pulso. Nem teve coragem de encará-la quando ela se deu por satisfeita.
Mais tarde, a moça limpou as feridas provocadas pelas algemas, mas nem mesmo nessa hora se mostrou comovida:
— Isso é culpa sua. Se fosse um menino comportado e obediente nada disso estaria acontecendo.
— Você é uma bruxa!
Foi um mero comentário cansado, já que os insultos não surtiam o menor efeito.
— E você não adora isso?
E o rapaz ainda recebeu um beijo na bochecha de brinde!
Era quente e suave. Bom, apesar do desconforto que o impedia de se mexer. Espirais de prazer atravessavam sua pele, logo, Joseph acompanhava os movimentos que outro corpo impunha ao seu. Mágico.
Abriu os olhos e lá estava ela. Encaixada nele. Por completo. Em meio à estranheza da situação, Joseph não pôde deixar de notar o quanto ela era linda. Selvagemente linda. Sempre que a encontrava, pensava na suavidade de sua beleza. Agora sabia que era cego... Não havia suavidade ali. Havia fogo!
Seus olhares se encontraram. Estava cansado, o cochilo involuntário era prova disso. Seu corpo estava cansado e submisso, mas necessitava dela.
“Só dessa vez.”
Fechou os olhos e se entregou. A moça paralisou-se. Joseph abriu os olhos, confuso.
— Quer que eu pare? — ela perguntou.
— O quê?
— Quer que eu pare? Quer que eu saia e vá embora? — Demi insistiu com firmeza.
Louca. Ele estava ali cedendo aos caprichos dela... E ela agia daquele jeito! Travou o maxilar entendendo que era hora de tomar uma atitude. Nem que fosse simplesmente a não reação. Sua resolução durou apenas até a mulher voltar a se mexer levemente.
— Paro?!
Havia muito mais em jogo que apenas a interrupção do ato sexual. A rendição dele, ambos sabiam. Demetria queria saborear o momento. Joseph ainda pensou em lutar, mas estaria apenas adiando o que já estava por acontecer. Era primitivo, denso. Seu corpo desejava. Era inteligente, pois só com aquela rendição conseguiria, talvez, uma chance de lhe conquistar a confiança.
Parecendo entender seu dilema, ela imobilizou-se outra vez, antes de num impulso acelerar os movimentos.
— Quer. Que. Eu. Pare?
Dessa vez ela falou pausadamente.
— Não! — ele gemeu vencido.
A vitória se espelhou no rosto feminino.
— Eu não iria parar mesmo. — informou rindo.
A vitória por hora era sua. Só por hora.
Foi a experiência de sua vida. Deixou que os sentimentos de frustração, desejo, raiva, tudo extrapolassem no ato. Não se beijaram, mas ele sentiu a necessidade de seu toque. Era uma loucura, mas já que estava cedendo, queria tudo. O problema é que pedir estava fora do seu alcance. Ela estava fora do seu alcance.
Rápido e intenso. Quando Demetria caiu exausta sobre seu peito, ele sentiu o impulso de abraçá-la. Tolice. Pela primeira vez ficou feliz por estar preso. Ofegante. Tentava conter a euforia do pós-orgasmo. Era perfeito. Há anos não se sentia assim. Ou talvez nunca tivesse sentido.
Logo a mulher arrastou-se para fora da cama e virou-se para olhar o rapaz. Este, com a respiração descompassada, olhava para o teto para não encarar os acontecimentos. Tinha se rendido.
Demetria pegou um lençol e o cobriu. Joseph não esboçou reação. A mulher afastou-se da cama indo à porta. Lá hesitou. Fazer isso significava mesmo o quê? A resposta não tardou: “Seguir com o plano.”
Olhou para ele, era para estar rendido, mas não estava. Um quê de rebeldia ainda se preservava em sua postura. Ele não aceitava que o comando era seu. Precisava de mais uma lição. Ela teria coragem de seguir com o plano? Sim, decidiu-se apertando o maldito botão ao lado da porta.
Joseph escutou a porta fechar e reprimiu a vontade de pedir que ela ficasse. Já tinha se humilhado bastante. Talvez fosse hora de descansar. Recuperar as forças da melhor maneira possível. Na situação atual, tudo dependia dela.
Na primeira meia hora nada aconteceu. Ficou tão silencioso que ele acabou dormindo.
Foi exatamente o disparar da sirene que o despertou. Por mais ou menos cinco minutos, aquele troço dos infernos tocou incessantemente ao lado de seu travesseiro. Parou. Voltou a tocar trinta minutos depois. Foi exatamente assim ao longo do dia. Nesse período ele tentou sofregamente se soltar.
Queria dormir e não conseguia. Queria destruir aquele troço barulhento dos infernos. Queria matar a sequestradora. A fome e a sede eram cada vez mais intensas. Incômodas.
A mulher havia sumido. Será que fora embora? Iria deixá-lo ali por quanto tempo?
No começo da noite ela voltou. Estava com cara de quem repousou por horas.
— Estou te chamando há horas. — o refém reclamou.
— Para? — perguntou a mulher sem se abalar.
— Para?! Esse maldito alarme não parou de tocar o dia inteiro.
— Eu sei. Isso é apenas para você entender que depende de mim. Seu conforto depende de mim.
— Que porra afinal você quer fazer comigo? Matar-me?
— Ah, Joseph, só se for de prazer. Tudo o que eu quero é o seu prazer.
Ele a olhou como se fosse esganá-la.
— O que nessas táticas de tortura têm a ver com o meu prazer?
A mulher maldita ousou sorrir.
— Ok. Eu confesso. Tem mais a ver com o meu prazer que o seu, mas ainda assim, você terá o seu... Em algum momento... Eu prometo.
Ele virou o rosto para a parede.
— Só me diz o que você quer que faça para me libertar.
— Certo, agora estamos nos entendendo. — disse, desligando o alarme pouco antes de se acomodar na cama. — Você quer dormir. Tudo bem, eu posso deixar você dormir. E também vou soltar suas pernas. E deixarei que você vá ao banheiro.
Nada na vida era de graça. Principalmente naquela situação.
— O que você quer em troca?
— Nada demais. Você vai se alimentar sem reclamar. Também não vai tentar se soltar. — disse tocando seus pulsos machucados pelas tentativas de fuga. — E principalmente, não vai dar trabalho para eu por as algemas novas. Com elas vai poder andar pelo quarto.
— Tudo bem. — ele foi muito rápido em concordar.
— Calma... Eu ainda não terminei. Se você tentar alguma coisa, vai ser castigado... Você já experimentou o quanto eu posso ser maldosa. Não me desafie.
Joseph podia estar cansado, mas o “Joe Jr.” não tinha tomado consciência disso. Ele parecia muito interessado no tipo de castigo que receberia. A mulher fingiu não notar o ocorrido e prosseguiu:
— Estamos longe da civilização. Não há jeito de sair daqui, a não ser de helicóptero num dia com o clima bom. A trilha é arriscada para quem não conhece, sem falar nos animais. Temos provisões para muito mais que um mês, incluindo combustível para o gerador. Então não seja estúpido! Não há como pedir socorro em caso de acidente.
— Isso é tudo? — ele perguntou impaciente, parecia uma criança emburrada.
— Por hora.
Não foi como ele esperava. Antes mesmo de lhe soltar as antigas algemas Demetria prendeu as novas, elas tinham correntes.
Só então removeu as antigas.
— Antes que você pense bobagens, se tentar me matar vai morrer de fome. Não teremos companhia por um mês.
Mal terminou de falar, Demetria sentiu as correntes apertarem suavemente o seu pescoço. Joseph se moveu mais rápido do que pensara ser capaz. O corpo reclamou, mas nem se importou, estava em vantagem pela primeira vez.
— Me solta. Agora. — Joseph ordenou num tom ameaçador.
A moça não se moveu. Olhava para ele sem demonstrar o mínimo medo.
— Isto é uma estupidez, por que eu não vou te soltar. Você me estrangula e vai acabar morrendo de fome aqui e tendo que aturar meu cadáver fétido nesse período. Claro, que pode tentar me comer para sobreviver, mas eu acho que há maneiras mais agradáveis de fazer isso...
Joseph não se intimidou:
— Eu acho que você não está entendendo, eu vou te machucar se você não me soltar.
— Quem não está entendo é você. Eu não tenho medo de ser machucada. Na verdade estou pronta para aceitar isso como uma das consequências.
— Demi...
O refém estreitou ainda mais o aperto das correntes.
— Faça o que tem de fazer...
Ficaram se encarando em desafio. Ele não afrouxava o aperto, ao contrário. Com a pressão na garganta, o rosto de Demi ficava num terrível tom vermelho, mas ela não cedeu um milímetro. Estava em seus olhos, não ia ceder. A guerra de vontades durou mais alguns instantes. Por fim ele retirou as correntes.
A mulher caiu sobre a cama buscando o ar.
— Você é louca.
— Nunca... Esqueça... Eu estou disposta a morrer.
Levou algum tempo para reagir às novas informações. E descobrir como agir. Por fim, tentou movimentar o corpo, fez uma careta de dor.
— Ficar na posição que você ficou por quase 24 horas e ainda fazendo os movimentos que fez, principalmente com os quadris, tinha que causar algum dano. — sentenciou irônica.
A mulher escorregou da cama com os pés ainda pouco firmes, abriu a gaveta do criado mudo, tirou de lá uma cartela de analgésicos e lhe ofereceu água que estava também numa jarra sobre o móvel. O olhar do seu colega de trabalho foi fulminante, mas ele tomou o remédio sem reclamar. Bebeu a água com fervor.
De todas as privações que havia sofrido, a água fora a mais penosa.
— Mais.
Pediu sem orgulho algum. Só queria se saciar.
Vislumbrou algo de pena no olhar da sequestradora, mas não teceu comentário. Quando desceu da cama, foi com cautela. As pernas reclamaram, assim como as costas. Quando não conseguiu se firmar sobre as pernas, Demi correu e o amparou, não resistiu, mas também não a ajudou. Tinha parado de brigar, aceitando a derrota. Por hora.
— Eu te ajudo no banho. — ela se ofereceu.
— Eu posso tomar banho sozinho. — falou pouco antes de tentar dar o primeiro passo e as pernas falharem.
— Vamos fazer uma trégua, tá bom? Meia horinha. Você usa o banheiro, depois entro e preparo a banheira. As últimas horas foram difíceis para você.
“Culpa de quem?!”
Joseph parou. Olhou nos olhos da sequestradora por um instante. Ela estava vestida em outra camisola curta. Ele nu.
Diante de olhos alheios, eles seriam um casal em um momento de intimidade, se não fossem pelas correntes. Sua própria nudez já não o incomodava, uma vez que o desconforto físico era pior, mas de algum modo percebeu que ela evitou olhar para baixo quando o amparou. Como ela podia agir assim depois de tudo que fez?
“Não tente entender uma louca, ou vai sair daqui direto para um hospício.”
Sua privacidade foi garantida. Com um prazer quase sensual, esvaziou a bexiga. Depois se sentou e começou a analisar as possibilidades.
As correntes eram finas e leves, mas incrivelmente resistentes. Apenas os punhos estavam presos. Estavam presas a uma espécie de gancho enterrado no piso num local estratégico do quarto. Longas o suficiente para chegar até o banheiro, mas não para caminhar livremente por todo o quarto amplo.
O banheiro também era simples. No armário apenas material de higiene pessoal. Uma banheira antiga num canto. A pia e a privada. Toalhas limpas penduradas. Pegou uma e enrolou-se. Depois de examinar o ambiente, ele se sentou e se deteve examinado o fecho das novas algemas com atenção. Um sorriso presunçoso cobriu-lhe a face. A vida era cheia de surpresas, logo a sequestradora saberia disso.
Muito calmamente, colocou a banheira para encher.
— Demi. — chamou tratando de manter a expressão severa no rosto. Percebeu alguma malícia nos olhos da mulher ao avistá-lo enrolado na toalha. Era como se o chamasse de hipócrita silenciosamente. — Não achei xampu ou sabonete.
Desconfiada, ela se ofereceu.
— Pode deixar. Eu preparo seu banho.
Joseph esperou pacientemente e entrou na banheira sem problemas. Apenas gemeu de contentamento com a água quente. Seu corpo estava absurdamente dolorido. Encostou-se e fechou os olhos. Precisaria recuperar-se o quanto antes. Repousar quando tivesse oportunidade. Infelizmente sua carcereira tinha outros planos. Entrou na banheira e sentou levemente sobre os joelhos dele. O rapaz se mostrou contrariado.
— Demetria, eu realmente acho melhor...
Mas ela o interrompeu.
— Vai precisar de uma massagem para facilitar a circulação. Ficou muito tempo preso.
— E colocou-se de costas para ele, ainda agachada sobre suas pernas.
A massagem começou em seus pés. Avançou pelas pernas, flexionando bem os músculos. Ocasionalmente um gemido escapava. Ela tinha mãos incríveis, uma boca incrível... E todo o resto. A tensão aumentava à medida que o corpo feminino se aproximava de sua virilha. Seus movimentos ao fazer a massagem, ora afastava, ora aproximava o contato, sem na verdade deixá-lo acontecer. A tortura prosseguiu por mais alguns segundos, antes que ele de repente passasse um braço em volta da sua cintura, pressionando os corpos um contra o outro. A água derramou da banheira quando ele se ajoelhou atrás dela, ainda sem soltá-la.
Escorregando, ela teria batido o queixo na borda se ele não estivesse segurando-a firmemente. Para evitar acidentes ela apoiou as duas mãos automaticamente na borda da banheira.
“Que resistência a desse homem!” Seu último pensamento antes de ser possuída num único impulso. A agressividade dele não a assustou. Ao contrário, ela foi bem receptiva a seu ataque.
Gemeu longamente.
— Se eu não sair daqui... Vou ficar tão louco... Quanto... Você!
Aquela voz entrecortada não era sua, Joseph não falava assim.
— Enlouquecer pode... Não ser... Tão ruim!
Não falaram mais. As correntes batiam nas peles, tanto das pernas quanto dos braços, barriga. Ela também o buscava, suas mãos tateavam o que podia do corpo atrás de si. A confusão os impulsionavam, entre as espumas, as correntes e o mármore da banheira, numa massa de gemidos e suspiros enlouquecidos.
O orgasmo dela veio primeiro. Quente, poderoso. A moça quase desfaleceu, perdendo a força que sustentava o corpo contra a borda.
— Não! — ele falou com urgência ao vê-la escorregar e a sustentou. Intensificando seus impulsos até que também alcançou o clímax, descansando o corpo contra o dela por uns instantes.
Quando se recuperou minimamente, tratou de elucidar os fatos:
— Não pense que isso significa que eu aceitei sua proposta louca. Tudo o que quero é minha liberdade. — falou buscando se afastar do corpo inerte sob o seu.
A mulher apenas retrucou:
— Eu sei. Não foi agora que você aceitou minha proposta. Foi mais cedo, quando disse para eu não parar. — beijou suavemente o braço que ainda a envolvia. Joseph estremeceu e ela prosseguiu — Naquele momento começou a contagem regressiva de trinta dias. Você também sabe disso, mas não quer dar o braço a torcer. Em sua teimosia vai tentar resistir até o último momento. E ainda depois. Mas tanto eu quanto você sabemos a verdade. Quer esses trinta dias tanto quanto eu... Mal pode esperar por eles... Não finja. Não fuja disso. Se existe uma coisa que você não pode fazer aqui é fugir. Ou se esconder.
— Isso é o que você diz. — replicou ele afastando-se, mas não foi longe — por que você está fazendo isso?
Ela virou-se para ele antes de responder. Fugindo do seu olhar.
— Porque eu cansei. Cansei de ser uma boa moça. Cansei de não lutar pelo o que eu quero. E eu quero você. Sem mais um minuto de espera. Eu cheguei a um ponto de minha vida, que nada mais vale a pena. Eu só queria por um fim em tudo. Isso deveria ser algo simples, mas não é. O dia insiste em amanhecer e invadir meu quarto. E eu tenho que levantar... Seguir com uma vida que eu odeio.
A voz embargada. O desespero mostrado enquanto ela tentava arrumar os cabelos em busca de alguma dignidade com gestos precisos e nervosos. A dor em seus comentários. Sentimentos tão intensos estampados ali que Joseph não conseguiu conter o sentimento de que precisava protegê-la. Queria colocá-la em seu colo. Cuidar dela, de suas dores... No fim, estava diante de uma mulher perdida. Não uma bruxa, não uma delinquente. Apenas uma mulher perdida.
— Talvez eu devesse trocar as cortinas... Umas mais grossas não deixaria o sol entrar. — a mulher tentou ironizar, mas era tarde demais, ele tinha vislumbrado a verdadeira Demetria e ficado assustado com isso. Contra ela não poderia fazer mal.
O pós-banho foi estranho. Joseph saiu primeiro da banheira, maldizendo as correntes que limitavam seus movimentos. Deixando a amante para trás, ainda anestesiada pela dor e pelo prazer. Pegou uma toalha enxugando-se com movimentos vigorosos.
No quarto abriu o guarda-roupa. Estava vazio.
— Que inferno!
A mulher saia do banheiro naquele instante e diante de sua raiva correu para um canto. Exatamente o canto onde ele não poderia alcançá-la. Quem foi que disse mesmo que não tinha medo dele? Gostando dessa nova situação, Joseph se vestiu da postura mais intimidante que conseguiu arranjar.
— Onde tem roupas?
— Bem... O que você veio fazer aqui, não tem a necessidade do uso de roupas, então eu não trouxe. — falou baixo, mas ele compreendeu cada palavra. Aquela sim era a Demetria que conhecia.
— Você o quê?! — ele gritou furioso. Bateu a porta do móvel. Ela se encolheu.
Uma onda de prazer o inundou. Talvez houvesse chegado o momento de ensinar uma coisa ou duas àquela doidinha. Podia até ser noite, mas para Joseph o dia apenas nascia com o sol dourado brilhando em sua janela pela primeira vez. O sol dourado da vingança.

4 comentários:

  1. ai socorro estou apaixonada, estou viciada fjsydtj posta logo, e eu comprei a culpa é das estrelas apos ler a adaptação qie você fez fiquei completamente apaixonada, na verdade estou apaixonada por Jonh Green..
    bjas

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  2. To adorando essa nova fic.
    Poste logo!! Bjs

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  3. Ja tou entendo a fic
    tou a amar
    Posra logo

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