quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Easy - Capítulo 1


Eu nunca tinha notado Joseph antes daquela noite. Era como se ele não existisse, e de repente, ele estava em toda parte.
Eu apenas dei um tempo na festa de Halloween, ainda no auge atrás de mim. Contorcendo-me entre os carros que lotavam o estacionamento atrás da casa da fraternidade do meu ex, eu digitei um SMS para a minha colega de quarto. A noite estava linda e quente, típica do verão estilo Sul da Índia. Das janelas abertas da casa, a música ressoava para o outro lado da calçada, pontuada com ocasionais gargalhadas, desafios de bebida e pedidos de mais doses.
Como motorista designada para hoje à noite, era minha responsabilidade levar Selena de volta para nosso dormitório no campus em uma peça não mutilada, querendo ou não ficar mais um minuto na festa. Meu SMS lhe disse para ligar ou mandar um SMS quando ela estivesse pronta para ir. Do jeito que ela e seu namorado, Nick, estavam encharcados de tequila, dançando sensualmente antes de darem as mãos e tropeçarem escada acima até o quarto dele, ela talvez não me ligasse até amanhã. Eu ri com o pensamento da curta “caminhada da vergonha” que ela suportaria da varanda da frente até a minha caminhonete, se fosse assim.
Eu apertei “enviar” enquanto procurava na minha bolsa por minhas chaves. A lua estava muito escondida pelas nuvens e as janelas totalmente iluminadas da casa estavam longe demais para fornecer alguma luz no fundo do terreno. Eu tive que ir pelo tato. Amaldiçoando quando uma lapiseira picou a ponta do meu dedo, eu pisei duro com um pé calçado em um salto stiletto, quase certa que eu estava sangrando. Assim que as chaves estavam na minha mão eu chupei o dedo; o leve sabor metálico me disse que eu tinha perfurado a pele.
— Vai entender! — Eu murmurei, abrindo a porta da caminhonete.
Nos segundos iniciais que se seguiram, eu estava muito desorientada para compreender o que estava acontecendo. Num momento eu estava abrindo a porta da caminhonete, e no seguinte, eu estava deitada com rosto contra o banco, sem fôlego e imóvel. Eu lutava para me levantar, mas não podia, porque o peso em cima de mim era muito grande.
— A fantasia de diabinha ficou bem em você, Demi. — A voz era arrastada, mas familiar.
Meu primeiro pensamento foi “Não me chame assim!”, mas essa objeção rapidamente se perdeu em favor do terror, quando eu senti uma mão empurrando a minha saia já curta para cima. Meu braço direito era inútil, preso entre o meu corpo e o assento. Eu agarrei com a minha mão esquerda o banco ao lado do meu rosto, tentando novamente me empurrar em pé, e a mão sobre a pele nua da minha coxa moveu rapidamente e agarrou meu pulso. Eu gritei quando ele puxou meu braço atrás das minhas costas, prendendo-o firmemente em sua outra mão. Seu antebraço estava pressionado na parte superior das minhas costas. Eu não podia me mover.
— Buck, sai de cima de mim! Me solta! — Minha voz tremeu, mas eu tentei dar a ordem com a maior autoridade possível. Eu podia sentir o cheiro de cerveja em seu hálito e algo mais forte em seu suor, e uma onda de náusea subiu e caiu no meu estômago.
Sua mão livre estava de volta na minha coxa esquerda, seu peso acomodado para o meu lado direito, me cobrindo. Meus pés pendiam fora da caminhonete, à porta ainda estava aberta. Tentei puxar meu joelho até tê-lo debaixo de mim e ele riu de meus esforços patéticos. Quando ele enfiou a mão entre minhas pernas abertas, eu gritei, juntando de volta minha perna muito tarde. Eu me puxei e me contorci, primeiro pensando em derrubá-lo e então, percebendo que eu não era páreo para o tamanho dele, comecei a implorar.
— Buck, pare! Por favor, você está bêbado, e você vai se arrepender disso amanhã. Oh, meu Deus!
Ele cravou seu joelho entre minhas pernas e o ar bateu no meu quadril nu. Eu ouvi o som inconfundível de um zíper e ele riu no meu ouvido quando eu fui de racionalmente implorando para chorando.
— Não, não, não, não! — Sob o seu peso, eu não conseguia respirar o suficiente e gritar ao mesmo tempo e minha boca estava amassada contra o banco, abafando qualquer protesto que fiz. Lutando inutilmente, eu não podia acreditar que esse cara que eu tinha conhecido há mais de um ano, que nunca havia me tratado com desrespeito no tempo todo em que eu tinha namorado Kennedy, estava me atacando em minha própria caminhonete, no estacionamento dos fundos da casa da fraternidade.
Ele rasgou minha calcinha e a baixou até os joelhos, e entre os seus esforços para empurrá-la para baixo e meu esforço renovado para escapar, eu ouvi o frágil tecido romper.
— Jesus, Demi, eu sempre soube que você tinha uma bunda incrível, mas Cristo, garota! — Sua mão investiu entre minhas pernas novamente e o seu peso foi levantado por uma fração de segundo, apenas o tempo suficiente para eu puxar uma golfada de ar e gritar. Liberando meu pulso, ele bateu a mão sobre a parte de trás minha cabeça e voltou meu rosto no assento de couro até que eu estava em silêncio, quase incapaz de respirar.
Mesmo liberado, meu braço esquerdo era inútil. Eu alavanquei a minha mão contra o chão da cabine e empurrei, mas meus músculos torcidos e doloridos não obedeceram. Eu soluçava nas almofadas, lágrimas e saliva misturando-se sob minha bochecha.
— Por favor, não, por favor, não, oh Deus pare-pare-pare! — Eu odiei o som fraco da minha voz impotente.
Seu peso se levantou de mim por uma fração de segundo, ele tinha mudado de ideia, ou ele estava se reposicionando, eu não esperei para descobrir qual deles. Torcendo e puxando minhas pernas para cima, eu senti os saltos pontiagudos dos meus sapatos rasgando o couro flexível enquanto eu me impulsionava para o outro lado do banco e me arrastava até a maçaneta. O sangue antecipou-se em meus ouvidos enquanto o meu corpo se refazia para um completo lutar ou fugir. E então eu parei, porque Buck já não estava mais na caminhonete.
No início, eu não conseguia entender por que ele estava de pé lá, ali após a porta, de costas para mim. E então sua cabeça se voltou. Duas vezes. Ele balançou loucamente para alguma coisa, mas seus punhos acertaram em nada. Não até que ele tropeçou de volta contra a minha caminhonete e eu vi contra o que, ou quem, ele estava lutando.
O cara nunca tirou os olhos de Buck enquanto ele dava mais dois socos afiados em seu rosto, balançando para o lado enquanto eles circularam e Buck lançou murros fúteis, sangue jorrando de seu nariz. Finalmente, Buck abaixou a cabeça e correu para frente como um touro, mas esse esforço foi a sua destruição quando o estranho deu um fácil golpe no queixo, acertando sua mandíbula. Quando a cabeça de Buck estalou, um cotovelo rachou em sua têmpora com um ruído surdo. Ele colidiu com a lateral da caminhonete novamente, empurrando e correndo contra o estranho uma segunda vez. Como se toda a luta tivesse sido coreografada, ele agarrou os ombros de Buck e puxou-o para frente, com força, dando joelhadas nele debaixo do queixo. Buck caiu no chão, gemendo e se encolhendo.
O estranho olhou para baixo, punhos fechados, cotovelos ligeiramente dobrados, prestes a dar mais um golpe, se necessário. Não havia necessidade. Buck estava quase inconsciente. Eu me encolhi contra a porta mais distante, ofegante e me curvando em uma bola quando o choque substituiu o pânico. Devo ter choramingado, porque seus olhos se voltaram para os meus. Ele rolou Buck para o lado com o pé numa bota e se aproximou da porta, espiando para dentro.
— Você está bem? — Seu tom era baixo, cuidadoso. Eu queria dizer que sim. Eu queria concordar. Mas eu não podia. Eu não estava nada bem. — Eu vou ligar para a Emergência. Você precisa de assistência médica, ou só da polícia?
Eu imaginava a polícia do campus chegando ao local, os participantes da festa que transbordariam da casa quando as sirenes viessem. Selena e Nick eram apenas dois dos muitos amigos que eu tinha lá, mais da metade deles menores de idade e bebendo. Seria culpa minha se a festa se tornasse o foco da polícia. Eu seria uma pária.
Eu balancei a cabeça.
— Não chame. — Minha voz estava rouca.
— Não chame uma ambulância?
Eu limpei minha garganta e balancei a cabeça.
— Não chame ninguém. Não chame a polícia.
Sua mandíbula estava entreaberta e ele olhou em toda a extensão do assento.
— Estou errado, ou esse cara simplesmente tentou estuprar você? — Eu vacilei com a palavra horrível. — E você está me dizendo para não chamar a polícia? — Ele fechou a boca bruscamente, balançou a cabeça uma vez e me olhou novamente. — Ou eu interrompi algo que eu não deveria?
Engoli em seco, os meus olhos irrompendo em lágrimas.
— N-não. Mas eu só quero ir para casa.
Buck gemeu e rolou de costas.
— Pooorra! — Ele disse, sem abrir os olhos, um dos quais estava provavelmente fechado de tão inchado, de qualquer maneira.
Meu salvador olhou para ele, sua mandíbula estremeceu. Ele virou o pescoço para um lado e depois para trás, rolou seus ombros.
— Tudo bem. Eu levo você.
Eu balancei a cabeça. Eu não estava prestes a escapar de um ataque só para fazer algo tão estúpido como entrar no carro de um estranho.
— Eu posso dirigir. — Eu disse asperamente. Meus olhos viraram para a minha bolsa presa contra o console, o seu conteúdo derramado no chão do lado do motorista. Ele olhou para baixo, inclinando-se para tirar as minhas chaves dos pedaços de meus objetos pessoais.
— Eu acredito que você estava procurando por elas, antes. — Ele as balançou em seus dedos enquanto eu percebi que eu ainda não tinha chegado mais perto dele.
Eu lambi meu lábio e experimentei sangue pela segunda vez naquela noite. Deslizei rapidamente para a iluminação fraca derramada pela luz minúscula do teto, tive o cuidado de manter a minha saia puxada para baixo. Uma onda de tontura caiu em cima de mim quando fiquei plenamente consciente do que quase tinha acontecido, e minha mão tremia quando a estendi para pegar as minhas chaves.
Franzindo a testa, ele fechou a mão em torno delas e deixou cair o braço de volta para o seu lado.
— Eu não posso deixar você dirigir. — A julgar por sua expressão, meu rosto estava um desastre.
Eu pisquei, minha mão ainda estendida para as chaves que ele tinha acabado de confiscar.
— O quê? Por quê?
Ele enumerou três razões em seus dedos.
— Você está tremendo, provavelmente por consequência do ataque. Eu não tenho ideia se você não está realmente ferida. E você provavelmente andou bebendo.
— Eu não bebi! — Eu respondi. — Eu sou a motorista designada.
Ele levantou uma sobrancelha e olhou ao redor.
— Para quem exatamente você está designada a dirigir? Se alguém estivesse com você, a propósito, você talvez estivesse segura esta noite. Em vez disso, você saiu andando por um estacionamento escuro, sozinha, prestando absolutamente nenhuma atenção ao seu redor. Responsável de verdade!
De repente, eu estava além da raiva. Com raiva de Kennedy por partir meu coração há duas semanas e não estar comigo hoje à noite, preocupando-se comigo até a segurança da minha caminhonete. Com raiva de Selena por ter me falado em vir a esta festa estúpida e ainda com mais raiva de mim mesma por concordar. Furiosa com o babaca semiconsciente, babando e sangrando no concreto a poucos metros de distância. E fervendo com o estranho que estava mantendo reféns as minhas chaves enquanto me acusava de ser desmiolada e descuidada.
— Então é minha culpa que ele me atacou? — Minha garganta estava ferida, mas prossegui sobre a dor. — É minha culpa que eu não possa andar de uma casa até a minha caminhonete sem que um de vocês tente me estuprar? — Eu atirei a palavra de volta nele para deixá-lo ver que eu poderia suportar.
Um de vocês? Você vai me juntar com aquele pedaço de merda? — Ele apontou para Buck, mas seus olhos nunca deixaram os meus. — Eu não sou nada parecido com ele!
Foi quando notei o fino piercing de prata do lado esquerdo do seu lábio inferior.
Ótimo. Eu estava em um estacionamento, sozinha, com um estranho facialmente perfurado que se sentia insultado e que ainda tinha as chaves. Eu não aguentaria mais nada nessa noite. Um soluço veio da minha garganta enquanto eu tentava manter a compostura.
— Posso ter minhas chaves, por favor? — Eu estendi minha mão, desejando que os tremores diminuíssem.
Ele engoliu em seco, olhando para mim, e eu olhei de volta dentro de seus olhos claros. Eu não poderia dizer a sua cor na luz fraca, mas contrastavam convincentemente com seu cabelo escuro. Sua voz era mais suave, menos hostil.
— Você mora no campus? Deixe-me levá-la. Eu posso andar de volta para cá e pegar uma carona depois.
Não havia mais luta em mim e eu concordei, estendendo a mão para tirar minha bolsa do seu caminho. Ele ajudou a recolher o brilho labial, carteira, absorventes internos, laços de cabelo, canetas e lápis espalhados pelo chão e devolvê-los a minha bolsa. O último item que ele pegou foi um pacote de preservativos. Ele limpou a garganta e o estendeu para mim.
— Isso não é meu. — Eu disse, recuando.
Ele franziu a testa.
— Tem certeza?
Eu apertei meu maxilar, tentando não ficar furiosa de novo.
— Afirmativo.
Ele olhou para Buck.
— Bastardo. Ele estava provavelmente... — Ele olhou nos meus olhos e de volta para Buck, carrancudo. — Uh... Ocultando as evidências.
Eu não podia sequer considerar isso. Ele empurrou o pacote quadrado no bolso da frente de seu jeans.
— Eu vou jogar isso fora. Ele, com uma certeza do inferno, não vai ter isso de volta. — Sobrancelha ainda franzida, ele virou seu olhar para mim de novo enquanto subia e dava partida na caminhonete. — Tem certeza que você não quer que eu chame a polícia?
Uma risada soou pela porta dos fundos da casa e eu assenti. Enquadrado exatamente dentro da janela central, Kennedy dançava com os braços em torno de uma garota vestida com uma fina roupa branca decotada, com asas e uma auréola. Perfeito. Simplesmente perfeito.
Em algum momento durante a minha batalha com Buck, eu tinha perdido a tiara de chifres de diabo que Selena tinha enfiado na minha cabeça enquanto eu estava sentada na cama, lamentando que eu não queria ir a uma estúpida festa à fantasia. Sem o acessório, eu era apenas uma garota em um reduzido vestido vermelho de paetês, que fora isso, eu não seria encontrada usando nem morta.
— Eu tenho certeza.
Os faróis iluminaram Buck quando nos afastamos da vaga no estacionamento. Jogando uma mão na frente de seus olhos, ele tentou rolar numa posição sentada. Eu podia ver seu lábio partido, nariz deformado e olho inchado, mesmo daquela distância.
Foi melhor que eu não fosse à pessoa por trás do volante. Eu provavelmente o teria atropelado.
Eu dei o nome do meu dormitório quando perguntado, e olhei para fora da janela do passageiro, incapaz de falar outra palavra enquanto serpenteávamos pelo campus. Com um abraço tipo camisa de força, agarrei-me, tentando esconder os tremores que passavam por mim a cada cinco segundos. Eu não queria que ele visse, mas eu não podia fazê-los parar.
O estacionamento do dormitório estava quase cheio; as vagas perto da porta estavam todas ocupadas. Ele inclinou a caminhonete em um espaço atrás e pulou para fora, dando a volta para me encontrar enquanto eu deslizava do lado do passageiro da minha própria caminhonete. Oscilando à beira de ter um colapso e perder a cabeça, eu peguei as chaves depois que ele ativou as travas, e o segui para o edifício.
— Sua identificação? — Ele perguntou quando chegou à porta.
Minhas mãos tremiam enquanto eu desabotoava a aba frontal da minha bolsa e retirava o cartão. Quando ele tirou de meus dedos, eu notei o sangue nos nós de seus dedos e engasguei.
— Oh, meu Deus! Você está sangrando!
Ele olhou para sua mão e balançou a cabeça, uma vez.
— Nah. Na maior parte é sangue dele. — Ele pressionou seus lábios afinando-os e virou-se para passar o cartão através do acesso à porta, e eu perguntei se ele pretendia me seguir para dentro. Eu não acho que eu poderia me segurar por muito mais tempo.
Depois de abrir a porta, ele me entregou o meu cartão de identificação. Com a luz do vestíbulo de entrada eu podia ver seus olhos de forma mais clara, eles eram de um claro azul-cinza sob as sobrancelhas levantadas.
— Você tem certeza que está bem? — Ele perguntou, pela segunda vez, e eu senti meu rosto desmoronar.
Com meu queixo para baixo, enfiei o cartão na minha bolsa e acenei com a cabeça, inutilmente.
— Sim. Tudo bem. — Eu menti.
Ele bufou um suspiro incrédulo, passando a mão pelo cabelo.
— Posso chamar alguém para você?
Eu balancei a cabeça. Eu tinha que chegar ao meu quarto para que eu pudesse me desintegrar.
— Obrigada, mas não! — Eu escorreguei por ele, cuidando para não roçar contra qualquer parte dele, e me dirigi para as escadas.
— Demi? — Ele chamou suavemente, sem se mover da porta. Eu olhei para trás, agarrando o corrimão, e nossos olhos se encontraram. — Não foi culpa sua!
Mordi o lábio, forte, assentindo uma vez antes de me virar e subir correndo as escadas, meus sapatos batendo contra aos degraus de concreto. No patamar do segundo andar, eu parei abruptamente e virei-me para olhar de volta para a porta. Ele tinha ido.
Eu não sei o nome dele, e não podia me lembrar de tê-lo visto antes, muito menos conhecê-lo. Eu teria me lembrado daqueles olhos excepcionalmente claros. Eu não tinha ideia de quem ele era... E ele me chamou pelo nome. Não o nome na minha identidade, Demetria, mas Demi, o apelido que eu usava desde que Kennedy tinha me renomeado, no nosso primeiro ano do ensino médio.

***

Duas semanas atrás:

— Quer entrar? Ou ficar mais? Selena vai ficar com Nick neste fim de semana... — Minha voz era brincalhona, cantada. — Seu colega de quarto está fora da cidade. O que significa que eu vou ficar sozinha...
Kennedy e eu estávamos a um mês do nosso aniversário de três anos. Não havia necessidade de ser tímida. Selena tinha nos chamado de “um velho casal casado” recentemente. Ao que eu respondi “Invejosa”. E depois ela me levantou seu dedo médio.
— Hum, é. Eu vou entrar um pouco. — Ele massageou sua nuca enquanto entrava no estacionamento do dormitório e procurava por uma vaga, sua expressão inescrutável.
Espinhos de apreensão surgiram em meu peito, e eu engoli, inquieta.
— Você está bem? — O esfregar no pescoço era um conhecido sinal de estresse.
Ele lançou um olhar em minha direção.
— É claro. — Ele parou no primeiro lugar vago, estacionando sua BMW entre duas caminhonetes. Ele nunca, jamais forçava seu precioso importado em vagas apertadas. O soar das portas o deixou insano. Alguma coisa estava acontecendo. Eu sabia que ele estava preocupado com as provas do semestre que estavam próximas, especialmente pré-cálculo. Sua fraternidade estaria dando uma festa na noite seguinte, também, o que era simplesmente estúpido para o fim de semana antes das provas.
Eu nos levei para dentro do prédio e entramos na escada dos fundos que sempre me assustava quando eu estava sozinha. Com Kennedy atrás de mim, tudo o que eu notei foram as paredes sujas cheias de chiclete e o cheiro velho, quase azedo. Subi rápido até o último lance e saímos para o corredor.
Olhando para trás para ele enquanto eu destrancava minha porta, eu balancei a cabeça para o retrato encantador de um pênis que alguém tinha rabiscado no quadro branco que eu e Selena usávamos para recados entre nós e de nossos amigos. Dormitórios mistos eram menos maduros do que o descrito nos sites das faculdades. Às vezes era como viver com um grupo de 12 anos de idade.
— Você poderia ligar dizendo que está doente amanhã à noite, sabe. — Eu coloquei a palma da mão em seu braço. — Fique aqui comigo, nós nos escondemos e passamos o fim de semana estudando e pedindo comida... E outras atividades de redução de estresse... — Eu sorri de forma travessa. Ele olhou fixamente para seus sapatos.
Meu coração acelerou e eu de repente me senti totalmente quente. Algo estava definitivamente errado. Eu queria que ele pusesse pra fora, o que quer que fosse, porque minha mente estava conjurando nada além de possibilidades alarmantes. Fazia muito tempo desde que tivemos um problema ou um conflito real que eu me senti surpreendida.
Ele entrou no meu quarto e se sentou na minha cadeira, não na minha cama.
Fui até ele, nossos joelhos batendo, querendo que ele me dissesse que ele estava apenas de mau humor, ou preocupado com os exames próximos. Com meu coração batendo fortemente, eu coloquei a mão em seu ombro.
— Kennedy?
— Demi, nós precisamos conversar.
O pulso batendo em meus ouvidos ficou mais alto, e minha mão desceu de seu ombro. Eu a agarrei com minha mão e me sentei na cama, a três pés dele. Minha boca estava tão seca que eu não conseguia engolir, muito menos falar.
Ele ficou em silêncio, evitando meus olhos por alguns minutos que pareceram uma eternidade. Finalmente, ele ergueu o olhar para mim. Ele parecia triste. Oh, Deus! Ohdeus-ohdeus-ohdeus!
— Eu tenho tido alguns... Problemas... Ultimamente. Com outras garotas.
Eu pisquei, feliz que estava sentada. Minhas pernas teriam dobrado e me enviado para o chão, se eu estivesse de pé.
— O que você quer dizer? — Eu grasnei. — O que você quer dizer com “problemas e outras garotas”?
Ele suspirou profundamente.
— Não desse jeito, não mesmo. Quer dizer, eu não fiz nada! — Ele desviou o olhar e suspirou novamente. — Mas eu acho que eu quero.
Que diabos?
— Eu não entendo. — Minha mente trabalhava freneticamente para decifrar a melhor situação possível disso, mas cada única alternativa remotamente possível era uma merda.
Ele se levantou e passeou pelo quarto, duas vezes, antes de se colocar a meio caminho entre a porta e eu.
— Você sabe o quanto é importante para mim, seguir a carreira de direito e da política. — Eu concordei com a cabeça, ainda atordoada ao silêncio e pedalando muito para tentar me manter. — Você conhece a nossa fraternidade irmã? — Eu balancei a cabeça novamente, reconhecendo a mesma coisa que eu tinha me preocupado quando ele se mudou para a casa da fraternidade. Aparentemente, eu não tinha me preocupado o suficiente. — Há uma garota, duas garotas, na verdade, que... Bem.
Eu tentei manter minha voz racional e equilibrada.
— Kennedy, isso não faz sentido. Você não está dizendo que você se influenciou por isso, ou que você quer...
Ele olhou em meus olhos, de modo que não haveria erro.
— Eu quero!
Realmente, ele poderia ter me dado um soco no estômago, porque o meu cérebro se recusava a compreender as palavras que ele estava dizendo. Uma agressão física, talvez pudesse ser compreendida.
— Você quer? Que diabos quer dizer, você quer?
Ele escapou da cadeira, foi até a porta e voltou, uma distância de doze pés.
— O que você acha que eu quero dizer? Jesus! Não me faça falar isso!
Eu fiquei boquiaberta.
— Por que não? Por que não dizer, se que você pode se imaginar fazendo isso, então por que é tão foda dizer? E o que isso tem a ver com seus planos de carreira...
— Eu estava chegando lá. Olha, todo mundo sabe que uma das piores coisas que um candidato a político ou representante eleito pode fazer é se envolver em algum escândalo sexual. — Seus olhos se prenderam nos meus no que eu reconhecia como sua “cara de debate”. — Eu sou apenas um humano, Demi, e se eu tiver estes desejos me tentando agora, ou o que quer que seja e eu os reprimir, eu provavelmente vou ter o mesmo desejo mais tarde, até pior. Mas agir de acordo com eles nesse momento, seria matar a minha carreira. — Ele abriu as mãos, impotente. — Eu não tenho escolha a não ser tirá-lo do meu sistema, enquanto eu posso fazer isso sem aniquilar minha posição em meu futuro profissional.
Eu disse a mim mesma “Isso não está acontecendo” Meu namorado de três anos não estava terminando comigo para que ele pudesse transar com outras alunas com abandono descarado. Eu pisquei com força e tentei respirar fundo, mas eu não podia. Não havia oxigênio no quarto. Eu olhei para ele, em silêncio.
Sua mandíbula se apertou.
— Ok, então eu achei que seria fácil tentar decepcionar você e foi uma ideia ruim...
— Esta é a sua ideia de me decepcionar fácil? Terminar comigo para que você possa transar com outras garotas? Sem se sentir culpado? Você está falando sério?
— Como um ataque cardíaco.
A última coisa que eu pensei antes de pegar o meu livro de economia e o atirar nele: “Como é que ele pode usar esse clichê de merda num momento como este?"

~*~

Eu terei um certo probleminha para adaptar essa estória... :S
Mas acho que consigo resolver isso. Eu espero conseguir resolver isso.

Comentem, amores. <3

Ps: Sim, como está no banner, a Selena tem os cabelos vermelhos e o Joe (Joey, no caso, porque não tenho outra alternativa por causa da adaptação) tem olhos claros. Sou uma merda no photoshop, então não ficou tão bom quanto eu gostaria, mas relevem haha

~*~

Gabs: "Tem algum livro pra me recomendar ????" Claro :D Mas eu preciso saber sua preferencia de gênero literário. Vai que eu indico um, de distopia, por exemplo, e você odeie haha

4 comentários:

  1. Oiiii nova seguidoraa !!! To amando a história já kkk
    divulga ? http://jemisexysublimeparasempre.blogspot.com.br/
    visita ? segue lá ?
    bjss posta logo

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  2. PERFEITO!!!!
    Posta Logo!
    que vontade de matar o Buck e o Kenedy também, dois idiotas que não merecem a vida!!!
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    Beijos

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  3. simplesmente amei, está perfeito muito perfeito..
    ane

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  4. Oii, nova seguidora.
    Amei a tua história antiga e ainda agora começou e e já estou a amar esta.
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    Bjs

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