domingo, 26 de maio de 2013

MARATONA – Capítulo 4 – A Aposta (Parte 1/2)

— Definitivamente, ele está encarando você — sussurrou Selena, se curvando para dar uma espiada do outro lado da sala.
— Para de olhar, besta, ele vai ver você.
Selena sorriu e acenou.
— Ele já me viu. E ainda está te encarando.
Hesitei por um instante e, por fim, consegui reunir coragem para olhar na direção dele. Parker estava olhando direto para mim, com um largo sorriso no rosto.
Retribuí o sorriso e então fingi que estava digitando algo no laptop.
— Ele ainda está me encarando? — murmurei.
— Sim — ela respondeu, dando risadinhas.
Depois da aula, Parker me parou no corredor.
— Não esquece da festa nesse fim de semana.
— Não vou esquecer — falei, tentando não começar a pestanejar ou fazer algo ridículo do gênero.
Selena e eu cruzamos o gramado até o refeitório para encontrar Joseph e Nicholas para o almoço. Ela ainda estava rindo do comportamento de Parker quando eles se aproximaram.
— Oi, baby — disse Selena, beijando o namorado na boca.
— O que é tão engraçado? — Nicholas quis saber.
— Ah, um carinha na aula que ficou encarando a Demi durante uma hora. Foi tão fofo!
— Contanto que ele estivesse encarando a Demi — disse Nicholas, dando uma piscadela para a namorada.
— Quem era? — Joseph fez uma careta.
Arrumei a mochila nas costas, o que fez com que ele a tirasse dali e a segurasse para mim. Balancei a cabeça.
— A Sel está imaginando coisas.
— Demi! Sua grandessíssima mentirosa. Era o Parker Hayes, e ele estava dando muito na cara. Estava praticamente babando.
Joseph fez uma expressão de nojo.
— Parker Hayes?
Nicholas puxou Selena pela mão.
— Vamos almoçar. Vocês vão desfrutar a fina culinária do refeitório essa tarde?
América beijou-o novamente em resposta, e eu e Joseph os acompanhamos. Coloquei minha bandeja entre a da Selena e a do Finch, mas Joseph não se sentou no lugar de costume, na minha frente; foi se sentar um pouco mais longe. Foi então que me dei conta de que ele não tinha dito muita coisa durante nossa caminhada até o refeitório.
— Você está bem, Joe? — perguntei.
— Eu? Ótimo, por quê? — ele respondeu, aliviando um pouco a expressão no rosto.
— Você está quieto.
Vários jogadores do time de futebol americano se aproximaram da mesa e se sentaram, rindo alto. Joseph parecia um pouco irritado enquanto revirava a comida no prato.
Chris Jenks jogou uma batata frita no prato do Joseph.
— E aí, Joe? Ouvi dizer que você comeu a Tina Martin. Ela estava falando um monte de você hoje.
— Cala a boca, Jenks — disse Joseph, sem tirar os olhos da comida.
Eu me inclinei para frente, de forma que o gigante sentado diante do Joseph pudesse sentir toda a força do meu olhar fulminante.
— Para com isso, Chris.
Os olhos de Joseph perfuraram os meus.
— Eu posso me cuidar sozinho, Demi.
— Desculpa, eu...
— Não quero que você peça desculpas. Não quero que você faça nada — ele retrucou, se afastando bruscamente da mesa e saindo como um raio pela porta.
Finch olhou para mim com as sobrancelhas arqueadas.
— Nossa! O que foi aquilo?
Enfiei o garfo na batata e bufei.
— Não sei.
Nicholas deu um tapinha nas minhas costas.
— Não foi nada que você fez, Demi.
— Tem umas coisas acontecendo com ele — acrescentou Selena.
— Que tipo de coisas? — perguntei.
Nicholas deu de ombros e voltou à atenção para o próprio prato.
— Você já devia saber que é preciso ter paciência e saber perdoar para ser amigo do Joseph. Ele tem um mundo próprio.
Balancei a cabeça em negativa.
— Esse é o Joseph que todo mundo vê... não o Joseph que eu conheço.
Nicholas se inclinou para frente.
— Não tem diferença entre um e outro. Você só tem que seguir a onda.
Depois da aula, fui com Selena até o apartamento e vi que a moto do Joseph não estava lá. Entrei no quarto e me encolhi como uma bola na cama dele, apoiando a cabeça no braço. Ele estava bem aquela manhã. Tínhamos passado tanto tempo juntos, e eu não conseguia acreditar que não havia notado que algo o chateara. E não era só isso — me perturbava o fato de que parecia que Selena sabia o que estava acontecendo, e eu não.
Minha respiração se acalmou e senti os olhos pesados; não demorou muito para que eu caísse no sono. Quando acordei, o céu noturno já tinha escurecido a janela. Ouvi vozes abafadas vindo da sala pelo corredor, entre elas o tom grave do Joseph. Fui sorrateiramente até o corredor e parei quando ouvi meu nome.
— A Demi entende, Joe. Não fique se martirizando — disse Nicholas.
— Vocês já vão juntos na festa de casais. Qual o problema em chamá-la pra sair? — Selena quis saber
Meu corpo ficou tenso, e esperei para ouvir a resposta.
— Não quero namorar a Demi... só quero ficar por perto. Ela é... diferente.
— Diferente como? — perguntou Selena, parecendo irritada.
— Ela não atura as minhas merdas, e isso é reconfortante. Você mesma disse, Sel. Eu não faço o tipo dela. Só não é... assim com a gente.
— Você está mais próximo do tipo dela do que imagina — Selena disse.
Recuei fazendo o mínimo de barulho possível e, quando as tábuas do assoalho rangeram sob meus pés descalços, estiquei a mão e fechei a porta do quarto de Joseph. Então voltei pelo corredor.
— Oi, Demi — disse Selena, com um largo sorriso. — Como foi o cochilo?
— Desmaiei durante cinco horas. Isso está mais próximo de um coma que de um cochilo.
Joseph ficou me encarando por um instante e, quando sorri para ele, veio direto na minha direção e me puxou pelo corredor até o quarto. Fechou a porta, e senti meu coração bater forte no peito, esperando que ele dissesse algo para esmagar meu ego.
Ele juntou as sobrancelhas e disse:
— Desculpa, Flor. Fui um babaca com você hoje.
Relaxei um pouco ao ver o remorso nos olhos dele.
— Eu não sabia que você estava bravo comigo.
— Eu não estava bravo com você. Eu só tenho o péssimo hábito de atacar verbalmente aqueles com quem me importo. É uma desculpa tosca, eu sei, mas eu sinto muito — ele disse e me envolveu em seus braços.
Aninhei o rosto no peito dele e me ajeitei.
— Com o que você estava bravo?
— Nada de importante. A única coisa que me preocupa é você.
Eu me afastei para olhar para ele.
— Consigo lidar com seus acessos de raiva.
Seus olhos ficaram tentando ler a expressão no meu rosto antes de um sorrisinho se espalhar por seus lábios.
— Eu não sei por que você me aguenta, e não sei o que faria se fosse diferente.
Eu podia sentir o cheiro de cigarro e menta em seu hálito e olhei para sua boca. Meu corpo reagia à nossa proximidade. A expressão no rosto de Joseph ficou diferente, sua respiração ficou instável... Ele também tinha notado.
Ele se inclinou milimetricamente na minha direção, e ambos demos um pulo quando o celular dele tocou. Joseph suspirou e tirou o telefone do bolso.
— Alô. O Hoffman Meu Deus... tá bom. Esses mil vão vir fácil, fácil. No Jefferson? — Ele olhou para mim e piscou. — Estaremos lá. — Então desligou e me pegou pela mão. — Vem comigo — e foi me puxando pelo corredor. — Era o Adam — ele disse ao Nicholas. — O Brady Hoffman estará no Jefferson em uma hora e meia.
Nicholas assentiu e se levantou, pegando o celular do fundo do bolso. Digitou as informações rapidamente, convidando para a luta os que sabiam do Círculo. Aqueles dez membros, mais ou menos, enviaram mensagens a outros dez e assim por diante, até que todos soubessem exatamente onde o ringue estaria.
— Lá vamos nós! — exclamou Selena, sorrindo. — É melhor a gente se arrumar.
O ar no apartamento estava tenso e alegre ao mesmo tempo. Joseph parecia ser o menos afetado, calçando rápido as botas e colocando uma regata branca como se fosse sair para resolver algo trivial.
Selena foi comigo pelo corredor até o quarto do Joseph e franziu a testa.
— Você tem que se trocar, Demi. Não pode usar isso pra ver a luta.
— Usei uma droga de um cardigã da última vez e você não falou nada! — protestei.
— Não achei que você fosse mesmo da última vez. Toma — ela me jogou umas roupas —, veste isso.
— Não vou vestir isso
—Vamos logo — Nicholas gritou da sala de estar.
— Anda logo! — Selena falou irritada, entrando correndo no quarto de Nicholas.
Vesti o top frente-única amarelo decotado e a calça jeans de cintura baixa que Selena tinha jogado para mim. Depois coloquei saltos altos e passei um pente no cabelo enquanto cruzava o corredor Selena saiu do quarto do Nick com um vestido verde curto, estilo baby doll, e sapatos de salto combinando. Quando aparecemos, Joseph e Nicholas estavam parados à porta.
Joseph ficou boquiaberto.
— Ah, não! Você está tentando fazer com que eu seja morto? Você tem que se trocar, Flor.
— O quê? — perguntei, olhando para baixo.
Selena levou as mãos ao quadril.
— Ela está uma graça, Joe. Deixe a menina em paz!
Ele me pegou pela mão e me conduziu pelo corredor.
— Coloque uma camiseta... e tênis. Alguma coisa confortável.
— O quê? Por quê?
— Porque, com essa blusinha aí, vou ficar mais preocupado com quem está olhando pros seus peitos do que com o Hoffman — ele disse, parando na porta.
— Achei que você tinha dito que não ligava a mínima para o que as pessoas achavam.
— A situação é diferente, Beija-Flor — Joseph olhou para o meu peito e depois para mim. — Você não pode usar isso para ir ver a luta, então por favor... só... se troca, por favor — ele gaguejou, me enxotando para dentro do quarto e fechando a porta.
—Joseph! —gritei.
Eu me livrei dos sapatos de salto com um chute e enfiei meu par de All Star Converse nos pés. Depois me contorci e tirei o top, jogando-o do outro lado do quarto. Enfiei a primeira camiseta de algodão que vi pela frente e corri até a sala, parando na entrada do apartamento.
— Tá melhor? — perguntei, bufando de raiva e puxando o cabelo para prendê-lo num rabo de cavalo.
— Agora tá! — Joseph respondeu aliviado. — Vamos!
Fomos correndo até o estacionamento. Pulei na garupa da moto enquanto ele ligou o motor com tudo e saiu voando pela estrada até a faculdade. Apertei a cintura dele, tamanha era minha expectativa; a correria na hora de sair tinha enviado ondas de adrenalina por minhas veias.
Joseph subiu no meio-fio com a moto e a estacionou na sombra, atrás do Pavilhão Jefferson de Humanas. Pôs os óculos de sol no alto da cabeça e me agarrou pela mão, sorrindo enquanto seguíamos sorrateiramente até a parte de trás do prédio. Paramos ao lado de uma janela aberta perto do nível do chão.
Arregalei os olhos quando me dei conta do que faríamos.
— Você só pode estar brincando!
Joseph sorriu.
— Essa é a entrada VIP. Você devia ver como o resto do pessoal entra.
Balancei a cabeça enquanto ele enfiava as pernas ali para entrar, sumindo de vista logo depois. Eu me abaixei e o chamei no meio da escuridão.
— Joseph!
— Aqui embaixo, Flor. É só descer, os pés primeiro. Vem, eu te seguro!
— Você está louco se acha que vou pular no escuro!
— Eu te seguro, prometo! Anda logo, vai!
Suspirei, levando a mão à testa.
— Isso é loucura!
Eu me sentei no parapeito da janela e fui indo para frente, até que metade do meu corpo ficou pendurado no escuro. Virei de barriga para baixo e tentei tatear o chão com os dedos dos pés. Esperei que meus pés encostassem na mão do Joseph, mas perdi a pegada, soltando um gritinho agudo quando caí para trás. Duas mãos me seguraram e ouvi a voz dele no escuro.
— Você cai que nem menina — ele disse, dando uma risadinha.
Ele me pôs no chão e me puxou ainda mais para a escuridão. Depois de uns doze passos, eu já podia ouvir a gritaria familiar de números e nomes, e uma luz se acendeu. Havia uma lanterna no canto, que iluminava a sala o suficiente para eu conseguir ver o rosto do Joseph.
— O que estamos fazendo? — perguntei.
— Esperando. O Adam tem que fazer o discurso de abertura dele antes de eu entrar.
Fiquei inquieta.
— É melhor eu ficar esperando aqui ou entrar? Pra onde eu vou quando a luta começar? Cadê o Nick e a Sel?
— Eles foram pela outra entrada. É só me seguir, não vou deixar você entrar naquele tanque de tubarões sem mim. Fique perto do Adam, ele vai impedir que te esmaguem. Não posso cuidar de você e dar socos ao mesmo tempo.
— Me esmaguem?
— Vai ter mais gente aqui hoje. O Brady Hoffman é da Estadual. Eles têm o Círculo deles lá. Vai ser a nossa galera e a galera deles, então vai ficar uma doideira lá no salão.
— Você está nervoso? — perguntei.
Ele sorriu, baixando o olhar para mim.
— Não. Mas você parece que está um pouco.
— Talvez — admiti.
— Se isso fizer você se sentir melhor, não vou deixar nem ele encostar em mim. Não vou deixar ele me acertar nem uma vez, pra agradar os fãs dele.
— Como vai fazer isso?
Ele deu de ombros.
— Geralmente deixo que eles acertem uma... para parecer justo.
— Você... deixa as pessoas te acertarem?
— Que graça teria se eu só massacrasse o adversário e nunca levasse nenhum soco? Isso não seria bom para os negócios, ninguém apostaria contra mim.
— Que monte de baboseira — falei, cruzando os braços. Joseph ergueu uma sobrancelha.
— Você acha que estou te zoando?
— Acho difícil acreditar que você só leva um golpe quando deixa.
— Quer fazer uma aposta, Demi Lovato? — ele me perguntou sorrindo, com um brilho nos olhos.
Sorri de volta.
— Quero. Aposto que ele acerta um soco em você.
— E se ele não acertar? O que é que eu ganho? — ele me perguntou.
Dei de ombros enquanto a gritaria do outro lado da parede se transformava num rugido. Adam cumprimentou a multidão ali reunida e depois repassou as regras.
A boca de Joseph se abriu em um largo sorriso.
—Se você ganhar, fico sem sexo durante um mês. — Ergui uma sobrancelha e ele sorriu de novo. — Mas, se eu ganhar, você tem que passar um mês comigo.
— O quê? Já estou ficando lá de qualquer forma! Que tipo de aposta é essa? — perguntei, gritando em meio ao ruído.
— Eles consertaram as caldeiras do Morgan hoje — disse Joseph, com um sorriso e uma piscadinha.
Um riso sem graça aliviou minha expressão quando Adam chamou Joseph.
— Qualquer coisa é válida para tentar ver você em abstinência, pra variar.
Joseph me deu um beijo no rosto e foi andando, com um porte orgulhoso. Fui atrás dele e, quando passamos para a sala seguinte, fiquei assustada com a quantidade de gente reunida naquele espaço pequeno. Só havia lugar em pé, e os empurrões e a gritaria aumentaram quando entramos. Joseph assentiu na minha direção, e Adam pôs a mão no meu ombro e me puxou para seu lado.
Eu me inclinei para falar ao ouvido dele:
— Duas no Joseph.
Adam ergueu as sobrancelhas quando me viu puxar duas notas de cem do bolso. Ele estendeu a palma e bati com as notas na mão dele.
Brady era pelo menos uma cabeça mais alto que Joseph, e engoli em seco quando os vi em pé, prontos para o combate, Brady era enorme, tinha duas vezes o tamanho de Joseph e era só músculos. Eu não conseguia ver a expressão no rosto de Joseph, mas era óbvio que Brady estava ali para derramar sangue.
Adam aproximou os lábios de minha orelha e disse:
— Acho que você vai querer tampar os ouvidos, menina.
Coloquei as mãos em concha, uma em cada ouvido, e ele sinalizou o começo da luta com o megafone. Em vez de atacar, Joseph deu uns passos para trás. Brady desferiu um golpe, do qual ele se esquivou indo para a direita. O adversário atacou de novo, e Joseph abaixou a cabeça, desviando para o outro lado.
— Que merda é essa?! Isso não é uma luta de boxe, Joseph! — Adam gritou.
Joseph deu um soco no nariz de Brady. O barulho no porão era ensurdecedor. Joseph acertou um gancho de esquerda no maxilar do adversário, e levei as mãos à boca quando este tentou acertar mais alguns socos, mas todos atingiram o ar Brady caiu de encontro a seu séquito quando Joseph lhe deu uma cotovelada no rosto. Achei que a luta estava quase terminando, porém Brady voltou a lançar golpes, mas parecia que ele não conseguia mais manter o ritmo. Ambos estavam cobertos de suor, e tive um sobressalto quando Brady errou mais um soco, batendo forte a mão em uma pilastra de cimento. Quando ele se curvou segurando o punho cerrado, Joseph partiu para o ataque final.
Ele foi implacável, acertando primeiro o rosto de Brady com o joelho, depois golpeando-o com os punhos cerrados repetidas vezes, até o adversário cambalear e cair. O barulho foi às alturas quando Adam saiu do meu lado para jogar o quadrado vermelho sobre o rosto ensanguentado de Brady.
Joseph sumiu entre os fãs, e pressionei as costas na parede, tateando o caminho até chegar à entrada por onde tínhamos vindo. Chegar onde estava a lanterna foi um alívio imenso. Eu estava aflita, com medo de ser nocauteada e pisoteada.
Meus olhos focaram a entrada, e fiquei esperando que a multidão dispersasse. Depois de vários minutos sem sinal de Joseph, eu me preparei para refazer os passos até a janela. Com o número de pessoas que tentavam sair ao mesmo tempo, não era muito seguro ficar andando por ali.
Assim que pisei na escuridão, ouvi o som de pegadas esmagando o concreto solto no chão. Travis estava em pânico procurando por mim.
— Beija-Flor!
— Estou aqui! — gritei, correndo para os braços dele.
Joseph baixou o olhar e franziu a testa.
— Você me matou de susto! Quase tive que começar outra luta só pra vir te pegar... Eu finalmente chego aqui e você não estava!
— Que bom que você voltou. Eu não estava lá muito ansiosa para achar a saída no escuro.
Sem mais nenhum traço de preocupação no rosto, Joseph abriu um sorriso.
— Acho que você perdeu a aposta.
Adam entrou pisando duro, olhou para mim e depois encarou Joseph.
— Precisamos conversar.
Joseph deu uma piscadinha para mim.
— Não saia daí. Eu já volto.
E sumiram no escuro. Adam ergueu a voz algumas vezes, mas não consegui entender o que ele estava dizendo. Joseph voltou, enfiando uma bolada de dinheiro no bolso, e me deu um meio sorriso.
— Você vai precisar de mais roupas.
— Você realmente vai me fazer ficar no seu apartamento durante um mês?
— Você teria me feito ficar sem sexo por um mês?
Eu ri, sabendo que teria feito isso.
— É melhor darmos uma parada no Morgan.
Ele abriu um sorriso de alegria.
— Isso vai ser interessante.
Adam passou pela gente e bateu com as notas do meu lucro na palma da minha mão, depois se juntou à turba, que se dissipava.
Joseph ergueu a sobrancelha.
— Você apostou dinheiro?
Sorri e dei de ombros.
— Achei que devia ter a experiência completa.
Ele me levou até a janela e se arrastou por ela, então se virou para me ajudar a subir e sair no ar refrescante da noite. Os grilos cantavam nas sombras, parando apenas o suficiente para passarmos. A grama preta que cobria a beirada da calçada oscilava com a brisa suave, me fazendo lembrar o som do oceano quando não se está perto o bastante para ouvir o barulho das ondas se quebrando. Não estava muito quente nem muito frio; era a noite perfeita.
— E aí? Por que diabos você quer que eu fique no seu apartamento? — perguntei.
Joseph deu de ombros, enfiando as mãos nos bolsos.
— Não sei. Tudo fica melhor quando você está por perto.
Os arrepios que senti por causa do que ele falou logo se foram quando avistei as manchas vermelhas que cobriam sua camiseta.
— Credo! Você está coberto de sangue.
Joseph olhou para baixo com indiferença e então abriu aporta, fazendo um gesto para eu entrar. Passei rapidamente por Kara, que estudava na cama, cercada por livros.
— As caldeiras foram consertadas hoje de manhã — ela disse.
— Fiquei sabendo — falei, esvaziando meu armário.
— Oi — Joseph a cumprimentou.
Ela torceu o nariz enquanto o analisava, suado e ensanguentado.
— Joseph, essa é a minha colega de quarto, Kara Lin. Kara, esse é Joseph Jonas.
— Prazer — ela respondeu, ajeitando os óculos, depois olhou para minhas malas. — Você está se mudando daqui?
— Não. Perdi uma aposta.
Joseph caiu na gargalhada, segurando as malas.
— Está pronta?
— Estou. Como vou levar tudo isso para o seu apartamento? Estamos de moto.
Joseph sorriu e pegou o celular. Foi levando minha bagagem para a rua e, minutos depois, o Charger vintage preto do Nicholas estacionou. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário